Como o videogames e neurociência estão ajudando vítimas de AVC, depressão e mais

Observatório de Games.

O uso de videogames em terapias médicas vem se destacando na última década, especialmente na área de neurociência, onde esses recursos têm demonstrado grande potencial na reabilitação de funções cerebrais e no tratamento de transtornos psicológicos.

Para a neurociência aplicada, jogos digitais não são apenas uma forma de entretenimento, mas um ambiente controlado e interativo onde estímulos visuais, auditivos e motores podem ser utilizados para reativar conexões neurais danificadas e desenvolver novas vias de resposta no cérebro.

No AVC

Na reabilitação pós-AVC, os jogos de realidade virtual e os videogames adaptados para exercícios motores fornecem um contexto imersivo e recompensador, estimulando áreas cerebrais responsáveis pelo controle motor e ajudando na recuperação da função muscular e coordenação motora fina.

Esses ambientes virtuais permitem ao paciente interagir com o jogo através de movimentos, o que ativa a neuroplasticidade – a capacidade do cérebro de reorganizar suas conexões em resposta a novos desafios.

Em um estudo recente, pesquisadores observaram que pacientes que usaram videogames para exercícios dos membros superiores demonstraram melhoras significativas na amplitude de movimento e força muscular em comparação com terapias convencionais.

Ansiedade, depressão e TDAH também

No jogo ‘Gris‘ (“Cinza” em francês) a protagonista é uma jovem perdida em seu próprio mundo, que lida com uma dolorosa experiência. Sua jornada pela tristeza se manifesta em seu vestido, que concede a ela novas habilidades para navegar melhor por uma realidade rica de interpretações. Os conceitos do game e seus demais atributos levaram o seu estúdio a conquistar o prêmio de melhor jogo independente do ano.

Os videogames também têm sido aplicados ao tratamento de transtornos como ansiedade, depressão e TDAH. Estudos mostram que jogos digitais cuidadosamente projetados podem ajudar a reconfigurar padrões cerebrais associados ao processamento emocional e à tomada de decisão.

Os jogos que envolvem resolução de problemas e desafios graduais contribuem para reduzir a resposta emocional desproporcional a situações estressantes, fortalecendo circuitos neurais associados à regulação emocional e à resiliência mental.

Jogos usados em psicoterapia infantil, por exemplo, facilitam a expressão emocional e ajudam a criança a desenvolver habilidades de controle da impulsividade e atenção seletiva, fatores críticos para a adaptação social e aprendizado.

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Apesar dos avanços, desafios persistem. A neurociência ainda precisa aprofundar o entendimento dos mecanismos específicos através dos quais os videogames influenciam a neuroplasticidade e a modulação da resposta emocional. Questões como a personalização dos jogos para diferentes perfis neuropsicológicos e a avaliação do impacto prolongado dessas intervenções são essenciais para garantir que os videogames se tornem uma ferramenta consistente na prática clínica.

A combinação entre neurociência e videogames oferece uma nova fronteira no tratamento de funções cerebrais. À medida que novas pesquisas surgem, é cada vez mais evidente que a inovação tecnológica pode redefinir a abordagem terapêutica de transtornos neurológicos e psiquiátricos, ampliando as possibilidades de recuperação e qualidade de vida dos pacientes.

Sobre o Dr. Fabiano de Abreu Agrela Rodrigues

Dr. Fabiano de Abreu Agrela Rodrigues, é um Pós-doutor e PhD em neurociências eleito membro da Sigma Xi, The Scientific Research Honor Society e Membro da Society for Neuroscience (USA) e da APA – American Philosophical Association, Mestre em Psicologia, Licenciado em Biologia e História; também Tecnólogo em Antropologia e filosofia com várias formações nacionais e internacionais em Neurociências e Neuropsicologia.

Fabiano de Abreu diante de parede com alguns de seus diplomas que ajudam a atestar seu QI de 188. Já foram mais de 55 formações até o momento. (Imagem: Acervo pessoal).

Pesquisador e especialista em Nutrigenética e Genômica. É diretor do Centro de Pesquisas e Análises Heráclito (CPAH), Cientista no Hospital Universitário Martin Dockweiler, Chefe do Departamento de Ciências e Tecnologia da Logos University International, Membro ativo da Redilat, membro-sócio da APBE – Associação Portuguesa de Biologia Evolutiva e da SPCE – Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação. Membro das sociedades de alto QI Mensa, Intertel, ISPE High IQ Society e Triple Nine Society. Autor de mais de 200 artigos científicos e 15 livros.

Dentro do Observatório de Games, o Dr. Fabiano é o responsável pela coluna ‘Assunto Nerd’, onde aborda do ponto de vista científico assuntos de games, ciência e tecnologia.

Redação , Observatório de Games.

Fonte: Observatório de Games.

qui, 28 nov 2024 22:26:01 -0300

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