Entrevista: Haruninha, a voz que conecta palco, games e comunidade

Observatório de Games.

A cena gamer está cheia de talentos, mas poucos transitam com tanta naturalidade entre shows, streams e composição quanto Haruninha. Cantora, compositora e streamer, ela construiu uma comunidade fiel enquanto compartilhava não só gameplay e clipes, mas também os bastidores de sua vida artística. Entre rodadas de jogos, ensaios, produções autorais e noites mal dormidas, Lais Blanco (Haruninha!) transformou vulnerabilidade em conexão — e música em porto seguro. Seu show no Festival MAIS marcou uma virada na carreira, com um público real cantando junto aquilo que antes nascia em frente à webcam.

Nesta entrevista, ela abre o jogo sobre:

  • como é viver duas carreiras ao mesmo tempo;
  • os desafios de ser mulher no cenário gamer;
  • o impacto da comunidade na sua evolução artística;
  • a influência dos games na sua música;
  • e como cuida da saúde mental em meio ao ritmo acelerado.

Se você acompanha o universo das streams ou a nova cena musical independente, esta conversa revela muito sobre o que significa criar, resistir e se reinventar online — e offline. Leia a entrevista completa com Haruninha abaixo.

Haruninha
Imagem: @edylopesfotografia

1. Qual foi o momento — ou a stream — em que você percebeu que poderia levar  sua música além das lives e partir para um palco de verdade? 

Na verdade a música faz parte da minha vida desde a infância e quando cresci já fui atuar  direto na área, as lives no inicio eram apenas um modo de eu fugir da minha realidade e  conversar com pessoas para aliviar o momento difícil que eu estava passando. Eu tenho dias específicos nas lives que produzo, componho, estudo e ensaio, quando percebi que ali já estava/estou formando uma comunidade, automaticamente já usava isso para  divulgar minhas músicas. 

2. Como é conciliar duas carreiras “gamer / streamer” e “música / show” ao  mesmo tempo? Quais são os desafios e o que te motiva a seguir os dois  caminhos? 

No geral, é bem cansativo. Tem dias que não durmo direito por estar fazendo material  para show ou editando material para as lives. Mas acho que, por ser algo que gosto tanto  acaba sendo leve, quase não sinto como um peso de ‘’trabalho’’ porque sinto muito  prazer no que faço. No final, isso tudo faz parte do meu sonho então a única responsável pelo trajeto sou eu, sempre me lembro disso e me da mais vontade ainda de continuar. 

3. Você acha que o cenário atual de streamers de jogos permite, de verdade, quem  queira fazer arte (música, performance, etc.) além de gameplay — ou ainda há  resistência? 

Eu acho que é um meio bem diverso então sinto que tem espaço pra todos. Facilitou  muito para o artista independente na verdade. Penso que deu muito mais possibilidades. 

4. Para você, o que significa ser uma mulher streamer e jogadora hoje em dia?  Você sente que há diferenças (pressões, expectativas, preconceitos) em comparação a streamers homens? 

Sinto que tenho um papel importante e desafiador ao mesmo tempo. O mercado  de jogos é um dos meio mais machistas que existem, e isso esta muito enraizado devido à própria história do mundo. Jogos e esportes sempre foram vistos como  espaço de homens, então se uma mulher dissesse que curtiria algo relacionado  a esses meios, já existia um certo preconceito. Eu acho que nós mulheres  estamos sim conquistando nosso espaço mas ainda tem muito a ser feito. Infelizmente ainda existem comentários tanto em stream quanto em call de jogos  do meio competitivos que são direcionado a mulheres de maneira  preconceituosa, e 100% das vezes são homens que fazem.

5. De onde vêm suas influências musicais e artísticas — tanto para música autoral  quanto para as lives? Games, cultura internet, emo/alt rock, algo mais? 

Eu cresci escutando muito rock, eletrônica, rap e pop por causa da minha família.  Na pré adolescência gostava muito de ouvir Miley Cyrus e Demi Lovato. Um  pouco mais tarde, quando tive minha fase emo, escutava muito Bullet for my valentine, Avenged sevenfold, Green day, ACDC, Paramore, Avril lavigne. Na fase  adulta comecei a explorar mais artistas justamente por causa do meu trabalho e  adoro conhecer coisas novas, principalmente relacionadas a música e cultura.

Hoje me vejo muito eclética, ouço desde funk brasileiro à MPB, mas a banda que  mais ouço atualmente é Earlyrise e Yours Trully. Eu me divirto muito, porque isso  enriquece demais nas composições e produções. Na área de games eu cresci  jogando PS1, 2 e 3 com meu irmão mais velho, e o jogo que me fez entrar no mundo da música mais ainda foi Guitar Hero 3. Passava horas jogando. Teve outros games também como Crash, The Sims2, Naruto e Saints Row 4. Anos depois  comecei em League of Legends onde conheci muitos amigos que mantenho ate hoje. Cheguei a acompanhar alguns youtuber como Pato Papão e Daniels. O Valorant entrou na minha vida em 2020 no lançamento. 

6. Como foi a sensação de ver um público real — não só chat da Twitch — cantando com você — no seu show no Festival MAIS? Isso mudou sua visão do  que você quer para carreira? 

Eu me emocionei muito, senti que mesmo sendo aos poucos, eu sei que estou  construindo um público dentro das minhas possibilidades e que estou fazendo  meu melhor para conseguir chegar aonde eu sei que vou chegar. Eles me  mostram como que minhas inseguranças sempre estão erradas e que por mais  difícil que seja, eu posso contar com o apoio de cada um e é isso que importa no  final das contas, a conexão através da música. 

7. Você pensa sua trajetória como “um caminho só”: apenas streamer + cantora  — ou gostaria de expandir para outros formatos (colaborações, banda,  produção, eventos, etc.)? 

Na verdade eu acho que isso tudo já faz parte, porque apesar de ser a cantora e  compositora principal, eu trato minha banda como uma família. Sou transparente  o tempo todo com cada um deles, sinto que devo isso a eles. Toda minha equipe  é formada por pessoas que me conectei e fiz uma amizade verdadeira, então os  shows, produções, eventos acabam se tornando mais divertidos porque isso tudo  não é só minha conquista, é deles também. Colaborações e futuras produções também estão inclusas, eu tenho tantas ideias que quero por em prática, só de  pensar me deixa ansiosa demais !! 

8. Para quem está começando agora como mulher jogadora ou streamer mulher,  que conselho você daria? O que você acha que precisa mudar no ambiente para  tornar tudo mais acolhedor e justo? 

Não se importar com os comentários ruins que com certeza vão aparecer. Se  apegue a quem realmente se importa com você e trás criticas construtivas. Por  mais difícil que seja, a gente aprende a não se importar com essas coisas. E oque  eu acho que tem que mudar é o julgamento das pessoas no geral mesmo, isso  que atrapalha o mundo como um todo. 

9. Qual é o papel da comunidade — fãs, chat, público nas lives — nesse seu  processo de evolução artística? Como você lida com expectativa, suporte ou  até críticas vindas desse público? 

Eu me importo bastante com a opinião deles, sei que quando me mandam  sugestões sobre determinados assuntos de musica ou jogos, eles estão falando  do coração e porque querem me ver alcançando meus objetivos e pra mim isso é  muito foda. Eu me pego pensando sempre, como que pode pessoas que querem  estar presentes nas minhas lives todos os dias? Como assim eles me cobram  quando não faço live? Como assim eles estão vindo de outro lugar tão longe pra  ver meu show? Conseguem me surpreender e me deixar sem palavras sempre.  Eu tenho um carinho enorme e acho que nunca vou conseguir pagar todo esse  apoio que eles me dão. Isso tudo é muito incrível! 

10. Se você pudesse definir “sucesso” tanto como streamer quanto como artista  musical — o que seria esse sucesso pra você, daqui a 5 ou 10 anos? 

Conseguir me conectar cada dia mais e mais através da minha musica enquanto  eu estiver viva, na verdade pra mim, o sucesso vem do momento dessa conexão com as pessoas independente de números. Tudo que aprendo com minhas  experiencias de vida, eu quero transmitir para as pessoas. Lembro a primeira vez  que ouvi ‘’that’s what you get’’ na televisão passando na MTV e aquela sensação  de identidade, eu senti pela primeira vez que tinha me encontrado, e é esse sentimento que eu quero passar para as pessoas através das minhas letras,  porque todas as vezes que me senti sozinha, a música me resgatou. 

11. A rotina de artista, streamer e pessoa comum traz pressões que vão muito além  da internet. Como você cuida da sua saúde mental no meio da correria diária,  equilibrando trabalho, expectativas, vida pessoal e ainda encontrando espaço  para si mesma? 

Atualmente com o curto tempo que tenho, eu acabo concentrando o cansaço e  estresse nos jogos nas lives, acaba ficando tudo mais leve e divertido. Converso  com minha comunidade e isso se torna de certa forma terapêutico. Eu sei que  tenho alguns picos de humor quanto a minha ansiedade e alguns pensamentos  que me deixam pra baixo mas, isso acaba se tornando musica ou algum vídeo diário de desabafo. Passei por um periodo muito complicado no começo de 2025  e voltei a gravar os videos diários de desabafo comigo mesma, com alguns  assuntos mais delicados que não compartilho nas lives. Desde que voltei a fazer  isso e logo em seguida adotei a minha gatinha, Fênix, minha rotina voltou a ser um  pouco mais leve.

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Fonte: Observatório de Games.

Mon, 08 Dec 2025 13:00:00 +0000

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