Os motivos de saúde que estão arruinando os cassinos japoneses

Os pachinkos, como são conhecidos os tradicionais cassinos japoneses, já tiveram dias melhores. Não bastasse o natural desgaste da atividade proporcionado pelos videogames e simuladores online, esses espaços onde se praticam jogos de azar estão acumulando nos últimos tempos dois fatores ligados à saúde que estão contribuindo para uma crise neste setor.

Proibido Fumar – 禁煙 

Historicamente, o pachinko sempre foi um lugar onde se poderia fumar. E desde que esses espaços se popularizam pelas capitais do arquipélago, cenas como esta abaixo eram muito comuns. Japoneses, em maioria homens, se apertando para jogar em máquinas de caça-níquel, enquanto um intenso cheiro de cigarro poderia ser sentido por todo o ambiente.

117 imagens de Pachinko, Pachinko fotografias de stock | Depositphotos

Entretanto, em 1º de abril de 2020, uma reforma na Lei de Promoção da Saúde do país mudou isso. Com a revisão, desde então todo tipo de instalação que comporta muitas pessoas precisa ter um espaço dedicado para as pessoas fumarem, o popular fumódromo. Com isso, o ‘tabagismo passivo’, seria evitado.

Diante dessa iniciativa, o público mais popular do pachinko, que tem como um de seus principais hábitos o de fumar enquanto joga, tem se sentido, cada vez mais, indiretamente desestimulado a frequentar o local depois disso.

Lights dim for Japan's pachinko parlours | Financial Times
Quarentões e cinquentões dão a cara dos pachinkos. (Imagem: Reprodução)

Agora, a pandemia

Além do problema com o fumo, outra questão de saúde tem contribuído fortemente para a crise dos pachinkos: a própria COVID-19. Com mais de dois anos de uma doença que se propaga pelo ar, a ideia de estar num lugar fechado e sempre com muita gente afugentou muitos usuários, que não viram nessa aglomeração uma boa ideia.

O entretenimento foi um dos setores mais afetados pela pandemia, e esses lugares perderam não somente público local como também turistas interessados em conhecer essa típica diversão japonesa. Mesmo diante de uma cultura acostumada a usar máscara por conta de problemas como o kafunsho (alergia ao pólen), os japoneses não confiaram que isto seria suficiente, e o resultado foi mais um duro golpe para estes espaços.

Na prática

Já há número que tratam de colocar no papel o real impacto dessa debandada. De acordo com o site Green Belt, especializado no segmento, quase 640 salões de pachinko fecharam no passado. Um estrago considerável, se levado em consideração que havia 7.637 casas afiliadas à Cooperação Empresarial de Diversões do Japão.

E se esses lugares fecham, isto significa que muitas máquinas, por sua vez, foram encostadas. De acordo com o Inside Asian Gaming, das 3.608.838 máquinas instaladas no país, 226.145 foram puxadas da tomada para sempre em 2021.

A Sega Sammy Holdings, que foi formada após a fusão da Sega com a empresa pachinko Sammy, teve perdas financeiras “extraordinárias” durante a pandemia e pediu que 650 de seus funcionários se aposentassem voluntariamente. O impacto é sentido mesmo fora dos salões. No final da semana passada, a Sega vendeu as ações restantes de seu negócio de arcade não-pachinko.

Contra-ponto

Embora a situação esteja muito delicada para este ramo, há como olhar a coisa por outro ponto de vista, mas isto passa necessariamente por uma mudança de hábito. Por exemplo, a própria proibição do cigarro pode ser um atrativo para novos públicos compostos por não fumantes, que são maioria no Japão.

Em 2018, apenas 17,9% da população fumava, de acordo com uma pesquisa da Japan Tobacco. Seja como for, os pachinkos estão diante do maior desafio que o segmento já enfrentou desde sua popularização no pós guerra.

Marx Walker , Observatório de Games.

Fonte: Observatório de Games.

ter, 01 fev 2022 01:52:31 -0300

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